Sonhar é bom. Quando um homem sonha, a obra nasce.

E eis a obra que os portugueses – a maioria pelo menos – não dispensa na mesa de Natal.

Esta receita de Sonhos é a que a minha mãe sempre fazia, salvo erro de uma velhinha Teleculinária do final dos anos 70 do saudoso chefe Silva. É também a que sempre faço e que nunca me falha.

Durante muito tempo fi-la sempre à mão, mas passei para a batedeira e é um espectáculo enquanto fica pronta, sem escaldarmos as mãos.

A massa dos Sonhos é muito semelhante à massa choux usada para os profiteroles, mas leva menos manteiga.

Sigam todos os passos, vejam o video mais abaixo para esclarecerem alguma dúvida que possa existir, e vamos a isso!

Quais os ingredientes?

Para a massa são apenas 7.

Não coloquei aqui o óleo da fritura nem a mistura de açúcar e canela ou os necessários para fazer a calda de açúcar.

Passo-a-passo: fazer a massa

Colocamos ao lume um tachinho com o leite, água, manteiga/margarina, casquinha de limão e sal.

Assim que levantar fervura, retiramos do lume e juntamos a farinha toda de uma vez, mexendo vigorosamente até ligar bem, sem fazer grumos.

Recolocamos o tachinho sobre o lume e cozinhamos a massa, em lume médio, sempre mexendo, até que se crie uma película no fundo e a massa tenha o aspecto que podem ver nesta imagem.

A massa estará muito quente.

Retiramos a casquinha de limão e avançamos para a próxima fase.

Se optarmos pela batedeira, utilizamos o acessório de pá e batemos a baixa velocidade até deixar de fumegar.  Não queremos cozer os ovos!

Só quando a massa estiver morna é que começamos a juntar os ovos, um a um, juntando o próximo apenas depois de o anterior ficar bem incorporado na massa.

Se optarmos por fazer todo o processo à mão, aguardamos que arrefeça um pouco e amassamos até que a massa esteja morna. Nessa altura podemos começar a juntar os ovos um a um.

Nesta imagem podem ver o processo em que vamos juntando os ovos. Na máquina (à esquerda) e à mão (à direita).

Quando a fazemos à mão podemos incorporar melhor os ovos no início apertando bem a massa, já que é muito densa.

Depois, quando ficar um pouco mais macia, será melhor usarmos uma colher de pau ou uma vara de arames (fouet). Se tiverem uma batedeira eléctrica de mão também a podem usar nesta fase, com as varetas para bater claras em castelo.

No final a massa terá a consistência de uma maionese caseira bem densa.

Como podem ver, com a máquina a massa fica super lisa e à mão podem subsistir grumos muito pequeninos, mesmo quando a batemos com a vara de arames. Estes gruminhos não afectam o resultado final.  Uma ou outra darão excelentes sonhos.

Quanto à diferente tonalidade da massa, deve-se apenas à cor mais ou menos intensa das gemas.

Fritar os sonhos

Para fritar aconselho uma frigideira larga e funda para que os sonhos tenham espaço para crescer e pelo menos dois dedos de óleo. Em nenhum momento os sonhos podem tocar no fundo.

É muito importante que o óleo não fique muito quente.  A temperatura ideal é 160º C, às vezes pode até subir um pouco mais, mas longe dos 180 ou 190º C que usamos para fritar batatas, panados e afins.

Se tiverem um termómetro, usem-no. Se não, testem com um pouco de massa. Deve começar a borbulhar com a fritura, mas não violentamente. É uma fritura mais suave, com bolhas um pouco maiores. É a hora de começar.

Coloquem os sonhos que acharem adequados ao tamanho da frigideira, lembrando-se de que eles crescem 3 a 4 vezes mais.

E outra coisa muito importante: não lhes toquem. Deixem-nos dançar sozinhos. É assim que eles vão abrindo e crescendo e virando-se sozinhos. Estar a virá-los antes de tempo fará com que o exterior dos sonhos sele rapidamente e a massa não abra. Assim eles não vão crescer tudo o que podem.

Só depois de parar a dança podemos ajudá-los a virar para ganharem uma cor uniforme.

Aqui estão eles: logo no início, a meio caminho e já muito perto do fim. Vejam como crescem.

E aqui estão eles, passados por uma mistura de açúcar e canela, a minha favorita. Se preferem servi-los com calda de açúcar, explico como fazer a calda na descrição da confecção desta receita, mais abaixo.

E aqui está o interior, bem oco, garantia de sonhos leves.

Lembro-me de que foi precisamente com uma grande taça de sonhos que o Paulo Varanda se estreou, com a alegria de sempre, enquanto “provador oficial” em Dezembro de 2011, tinha eu acabado de lançar o meu 1º livro de cozinha.

E foi um ar que se lhes deu. Estavam deliciosos.

Como manter sonhos rijinhos?

Perguntam-me muitas vezes qual o segredo para que os sonhos não amoleçam. Não há.

Os sonhos acabam sempre por amolecer a partir do dia seguinte e continuam óptimos mesmo assim. O importante é que se mantenham gordos e não encolham e isso só se consegue quando se fritam bem, seguindo as indicações que já referi.

Sejam passados por açúcar e canela ou servidos com uma calda, estes Sonhos estão sempre presentes na minha mesa de Natal.

E na vossa?

Preferem os sonhos ou as filhós de abóbora ou cenoura?

Outras sugestões para a mesa de Natal

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