Esta é a receita que há muito me pediam, na expectativa de terem rissóis tão bons quanto os Croquetes de Carne que tanto sucesso têm feito desde que os publiquei há cerca de quatro anos.
Na verdade, faço muito mais os croquetes e até os Pastéis de Bacalhau do que os rissóis, mas desta vez lá tive de ir à procura do meu caderninho de receitas, onde tenho apontadas algumas das que a minha mãe tão bem fazia.
Voltar a fazer rissóis, tantos anos depois, foi muito emocional para mim. Levou-me aos dias em que corríamos estes passos. A minha mãe esticava a massa, colocava o recheio e fechava tudo, cortando com um copo… e eu, ali ao lado, os passava por ovo e pão ralado colocando-os cuidadosamente alinhados e ligeiramente sobrepostos num tabuleiro antes de os transferir para a arca congeladora. Depois de congelarem, eram separados e colocados num saco e dali só saiam para venda ou consumo em casa.
Na grande arca, havia sempre pastéis para fritar de todos os géneros – inclusive os deliciosos e delicados pastéis de massa tenra que exigiam maior cuidado para não se partirem depois de congelados.
Feita a “viagem”, quero destacar que, ao contrário de outras receitas, a minha mãe nunca colocava salsa no recheio e eu também não o fiz, mas se gostam podem obviamente fazê-lo.
Também não cortava os camarões aos pedacinhos para tornar o recheio mais homogéneo – lembro-me de ela dizer que preferia sempre colocar um ou dois camarões inteiros, dependendo do tamanho, porque dessa forma as clientes viam que o recheio tinha mesmo camarão, e que se estivesse tudo misturado isso poderia ser mais imperceptível ou a qualidade do camarão não ser tão notada. Fazendo em casa, escolham a opção que vos faça mais sentido.
Outro ponto importante, ela sempre se manifestou contra o uso de creme de marisco em pó, aquele que faz sopas instantâneas, para dar mais cor e sabor ao recheio. Dizia que não fazia sentido, tendo nós as cascas e cabeças de camarão para fazer o melhor caldo.
Penso que me ensinou bem e são esses ensinamentos que tento, na medida do possível, partilhar convosco.
Avancemos então…
Quais os ingredientes?
Começando pela massa tenho de vos alertar para a escolha da farinha.
Por regra, usa-se a mesma quantidade de farinha e de líquido quando se usa farinha T55 (a vulgar para bolos) tal como podem ler na descrição do meu caderninho, mais acima… mas já não é assim se usarmos a farinha T65 para usos culinários, que exige mais líquido porque é uma farinha mais forte.
Quanto aos restantes, há quem use água, mas o meu caderninho tem lá bem apontado que é leite e assim fica. E quanto à manteiga, lembro-me de a minha mãe usar Vaqueiro, ou seja, também podem usar margarina. Ao original apenas acrescentei casca de limão e umas pedrinhas de sal para equilibrar o sabor da massa.
Abaixo estão os ingredientes do recheio, sendo que o caldo de camarão será feito com água e as cascas e cabeças do camarão. Explico melhor mais à frente…
Para finalizar, este acto a duas mãos que tantas vezes esteve a meu cargo.
Passo-a-passo
Começamos por fazer o recheio.
Cozemos os camarões em 600 ml de água durante 4 minutos.
Descascamos os camarões…
e colocamos cascas e cabeças na água de cozer os camarões. Depois de ferver 5 minutos, trituramos grosseiramente com a varinha mágica e coamos por um pano ou gaze. Deveremos ficar com meio litro de caldo. Se faltar, acrescentamos água até perfazer o volume de caldo necessário.
Daqui avançamos para o próximo passo que é, na verdade, um béchamel grosso, começando por derreter a manteiga, juntando a farinha e misturando para cozinhar um pouco, adicionando depois o leite e o caldo pouco a pouco, sempre mexendo e deixando engrossar bem.
Tempera-se com sal, pimenta, noz moscada e sumo de limão a gosto.
Este creme vai para o frio para arrefecer mais rapidamente, enquanto fazemos a massa.
Colocamos ao lume o leite, a manteiga, as casquinhas de limão e uma pitada de sal.
Assim que começar a ferver e a manteiga esteja derretida, retiramos do lume, juntamos toda a farinha de uma só vez e misturamos batendo vigorosamente. Regressa ao lume, em chama baixa, para continuar a cozer, sempre mexendo, até a massa ligar.
Coloca-se a massa quente de imediato na bancada, retira-se as casquinhas de limão e amassa-se até ficar bem ligada e um pouco elástica. No início escaldamos um pouquinho as mãos, mas convém insistir enquanto está quente, amassando até amornar. Forma-se uma bola.
Para esticar a massa não é necessário enfarinhar a bancada, porque esta massa tem gordura e descola bem.
Retiramos uma porção da massa e esticamos com um rolo – não deve ficar demasiado fina porque se rasga facilmente. Deve ficar opaca, mas não demasiado espessa. Por regra, o ideal é ter um milímetro, um milímetro e meio de espessura.
Depois de esticar a massa, levantamo-la para a descolar da bancada. Um pouco abaixo da extremidade superior da massa colocamos uma colher de sobremesa do creme e um ou dois camarões por cima…
… puxamos a massa para baixo, e pressionamos ligeiramente com os dedos abaixo da zona do recheio antes de cortarmos com um copo. O tamanho é o que entenderem. Podem ser normais ou minis dependendo da ocasião.
Repetimos todo o processo até esgotar a massa e o creme. Se em algum momento a massa abrir na zona do corte, apertamos levemente com os dedos para selar. Há quem opte por marcar toda a meia lua com os dentes de um garfo. Pessoalmente não acho muito necessário, mas se considerarem que vos dá mais garantias, podem fazê-lo devendo ter o cuidado de não perfurar a massa.
Para terminar, passamos cada rissol primeiro por ovo batido e depois por pão ralado, colocando-os em cima de um tabuleiro, assim alinhados, se for para congelar.
Neste momento, acabados de fazer podem ser imediatamente fritos em óleo a 180º C.
O óleo precisa mesmo de estar bem quente, caso contrário correm maior risco de abrir e vão absorver mais óleo.
A minha técnica para os manter sequinhos e estaladiços é esta: nunca os colocar sobre papel absorvente mas sim sobre uma rede. Desta forma, não amolecem em contacto com o papel, o ar flui e o excesso de óleo pinga para o tabuleiro.
E pronto, agora basta servir, ainda bem quentes, com um bom arrozinho e uma salada verde.
Outros recheios
Podem optar por outros recheios para envolver no creme, à excepção dos rissóis de carne cujo recheio tem um processo diferente.
- Se usarem peixe, cozam as postas durante 5 minutos e deixem descansar na água mais uns 10. Desfiem o peixe e coloquem no caldo as peles e espinhas, levando depois a ferver mas sem triturar. Se usarem peixe já cozido, como aproveitamento, façam apenas um béchamel grosso e temperem muito bem.
- No caso do berbigão, comprado já sem casca para facilitar, basta uma breve fervura. O caldo não ficará tão rico mas depois de retirarem o berbigão podem enriquecê-lo cozendo cebola, alho, ervas de que gostem, triturando e coando no final.
- Para uma versão vegetariana, sugiro que se salteiem os legumes numa frigideira e se cortem em pedacinhos. Depois basta fazer um béchamel bem grosso e bem apurado e envolver os legumes já cozinhados.
- Se optarem por rissóis de carne, o melhor recheio é o creme com que se fazem os Croquetes de Carne que podem ver AQUI.
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16 thoughts on “Rissóis de Camarão”
Bonsoir
Dans votre recette je ne vois pas les quantités des ingrédients , pourriez-vous me les donner ?
Merci d’avance
Th
Therese descendre um petit peu. Tous est la.
Acabadinhos de fazer… Gostei da experiência. Já há uns anitos que nao fazia rissóis… So me rendeu 23 Nao sei se os fiz mt grandes ou massa grossa… Espero nao ficarem ocos pois tb me sobrou algum recheio… Logo vejo qd os provar
Alguma sugestão do que fazer com o resto do recheio? Desculpe o abuso
Muito obrigada
Alexandra, pode congelar e fazer meia receita de massa, num instante faz mais rissóis 🙂
Obrigada pela dica. Acabei mesmo por fazer isso, fiz mais massa e deu para mais uns rissolitos
E ja os provei – FANTÁSTICOS
Isso é q vai ser agora fazer rissóis e ter sp rissois congelados para uma ‘pressa’…
Obrigada
Eu fiz o mesmo. Não conseguia encontrar outra solução
Boa tarde Clara,
Só para alertar que o site está com um problema que não deixa fazer pesquisas, nem sequer dá para procurar por sub-rubricas como: peixe/mariscos.
Obrigada
Isabel
Sim Isabel estamos em fase de transição para o novo site. Brevemente estará tudo ok. Obrigada!!
Boa tarde Clara. Muito obrigada pela receita, fez-me tomar coragem para fazer rissóis. Ao fazê-los, também eu regressei à infância, tal como a clara tinha como responsabilidade passa-los pela clara de ovo, sim a minha mãe só passava pela clara porque a gema era utilizada no recheio, e pelo pão ralado. A minha mãe fazia de berbigão mas entretanto deixou de os fazer, nem ela sabe porquê visto que todos sempre gostamos muito, e acabou por se esquecer de como se faziam. Hoje também fiz de berbigão, utilizei os princípios do seu recheio mas, tal como referi, coloquei gema de ovo, pois lembrava-me disso. Também coloquei sala e limão. Estão maravilhosos.
Espero que se divirta também 🙂 obrigada Alice!
Olá boa noite menina Clara de Sousa desculpe incomodá-la mas será que pôs utilizar a mesma massa para rissóis de carne boa noite obrigada e felicidades fique com Deus e que Deus vos abençoe e ilumine e proteja boa noite
Claro que sim, a massa é a mesma Maria.
Boa noite!
Têm muito bom aspeto os seus rissóis, vou experimentar de certeza. O meu marido não pode comer glúten, ficariam bons com a farinha de milho ou de aveia?
Obrigada pelo tempo dispensado. Um beijinho!
Olá Maria, com essas farinhas nunca testei e tenho algumas dúvidas, porque funcionam melhor misturas do que farinhas de uma única qualidade. No entanto, pode usar uma farinha sem glúten para todos os usos, como a que está à venda no Lidl. Muito obrigada! Beijinho para si!
Amiga Clara, pão com chouriço já fiz duas vezes e parece me que tenho de fazer outra vez. A sua extraordinária lasanha sem carne também, a feijoada com as salsichas também e os meus dois filhos andam a perguntar : e este fim de semana o que vai ser?
Ora pois rissóis! Obrigada pelas receitas tão maravilhosamente explicadas. Abraço.
Que bom Margarida! Siga todos os passos que vai correr bem de certeza. Muito obrigada! 🙂