Um clássico da tradição pascal
A Regueifa Doce é um daqueles pães festivos que fazem parte da memória colectiva de muitas famílias do norte e centro do país, especialmente na época da Páscoa. É uma massa lêveda, levemente adocicada, com um sabor incrível e uma textura fofa que enche a casa com um aroma inconfundível enquanto coze no forno.
Seja como símbolo de partilha entre afilhados e padrinhos, seja como acompanhamento nas merendas pascais ou simplesmente como mimo caseiro num lanche de fim-de-semana, esta regueifa ganha um lugar especial à mesa.
Um pão doce para partilhar
A massa lembra a do pão-de-leite, mas com um toque mais denso e enriquecido – leva manteiga, ovos e um pouco de açúcar, o suficiente para lhe dar doçura sem cair na categoria de bolo. Depois de levedar bem, é entrançada e moldada em círculo e vai ao forno até dourar, ficando com aquela crosta suave e douradinha que convida logo à primeira dentada.
Pode comê-la simples, ou com manteiga, queijo, fatiados, compotas… mas a verdade é que, mesmo sozinha, é deliciosa. E como acontece com muitas massas lêvedas, também congela muito bem. Por isso, se fizer uma maior, pode fatiar e guardar parte para saborear mais tarde, tostada e ainda morna.
Tempo e paciência – o segredo da massa lêveda
Esta receita é simples, sem ingredientes rebuscados, e pede apenas tempo para respeitar os processos de fermentação. Mas vale cada minuto de espera – porque poucas coisas se comparam ao prazer de fazer o nosso próprio pão doce tradicional. Imagine as coisas que pode fazer enquanto a massa trabalha sozinha! Não a apresse, nem ande sempre a espreitar se já cresceu o suficiente. Ela fará o que tem de fazer, mais depressa ou mais devagar, dependendo da temperatura ambiente. Por isso, devemos sempre deixá-la bem aconchegada com uma manta quentinha.
Vamos a isso? Está preparado para “meter as mãos na massa”?
Quais os ingredientes?
São ingredientes simples como podem ver na imagem, mas destaco dois:
- Farinha de trigo – use farinha para usos culinários, a T65 sem fermento.
- Fermento de padeiro – uso 11 g de fermento seco por ser mais prático, mas pode usar 30 g de fermento fresco. Terá de o diluir primeiro na água morninha e só depois juntar a farinha para fazer o “crescente”.
Passo-a-passo: preparar o “crescente”
O “crescente” ou “massa velha” é uma pré-fermentação usada nalgumas receitas de pães e bolos de massa lêveda, que se deixa repousar durante algumas horas – às vezes até de um dia para o outro – antes de ser incorporada na massa principal.
A sua função é activar o fermento e dar-lhe um ambiente mais estável para se desenvolver. Quando deixada a repousar muitas horas dá um sabor mais profundo e levemente ácido à massa. Ajuda a melhorar a textura, tornando o miolo mais fofo e a massa mais elástica e ajuda o pão ou bolo a manter-se fresco por mais tempo.
Nesta receita, basta apenas uma hora, para não interferir no sabor.
Faz-se misturando fermento, farinha e líquido (aqui água morninha/tépida). O resultado é uma mistura viva, cheia de bolhas.
Tratar da massa
Pode usar um processador de lâmina, uma batedeira de bancada com o acessório misturador de pá ou pode fazer tudo à mão. O importante é que siga estes passos, introduzindo os ingredientes pela mesma ordem.
E atenção à quantidade de farinha, porque varia consoante o equipamento usado: mais farinha no processador; menos na batedeira ou à mão.
- Misture os secos: farinha, açúcar, canela em pó e raspa de limão.
- Envolva o crescente.
- Envolva a manteiga/margarina derretida.
- Envolva os ovos, um de cada vez, aguardando que seja envolvido antes de envolver o seguinte.
A massa deve ficar elástica e um pouco peganhenta.
- Se a massa ficar demasiado peganhenta, deve juntar mais um pouco de farinha. Se ficar muito seca, junte mais um pouco de água ou de ovo.
- Transfira a massa para uma taça untada.
- Cubra com película e com uma manta quentinha.
- Deixe repousar durante 2 horas ou até dobrar de volume (o tempo de levedura depende da temperatura ambiente).
Moldar a massa
A bancada deve estar enfarinhada para trabalhar um pouco a massa até ela deixar de se colar às mãos.
- Divida a massa em 4 e molde 4 bolas.
- Estique cada uma com um comprimento de cerca de 40 cm.
- Una duas pontas e cruze as duas tiras unindo as extremidades para formar um círculo. Coloque a massa moldada num tabuleiro forrado com papel vegetal untado, cubra com um pano e deixe descansar durante uma hora.
- Uma hora depois, a massa terá levedado para o dobro ou mais (depende da temperatura ambiente).
Finalizar e cozer
Pincele muito bem com gema diluída num pouco de leite e polvilhe com açúcar a gosto.
Leve a forno pré-aquecido a 180 ºC durante 20 minutos até estarem douradas.
5 minutos antes de terminar o tempo, pode mudá-las de posição, já que a prateleira de cima do forno tem sempre tendência para dourar mais do que a de baixo.
Agora que já conhece todos os passos, só falta mesmo pôr as mãos na massa.
A magia desta regueifa está em tudo aquilo que não se vê: o tempo, o cuidado, o cheiro doce que enche a casa, a partilha à volta da mesa. Se nunca a fez, esta é a altura certa. Se já a conhece, sabe que não há outra igual.
Que bela forma de dar vida à tradição, não acha?
Outras receitas de massas lêvedas para a Páscoa
- Folar Doce de Páscoa
- Folar do Fontão (Páscoa)
- Folar de Carnes da Filhagosa
- Folar de Olhão Enrolado
- Trança Doce
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2 thoughts on “Regueifa Doce”
Fiz a Regueifa Doce e ficou fofa, pouco doce. Gostámos imenso e vou repetir para a mesa da Páscoa. Segui exatamente a receita, tendo chegado os 500g de farinha empregando o fermento seco. É uma receita a guardar zelosamente. Obrigada e Páscoa Alegre.
Elisa V.
É mesmo! E ela só precisa que a deixem trabalhar 😉 que bom que gostou Elisa! Obrigada!