Pataniscas de bacalhau! Só de falar nisso já cresce água na boca a muita gente…

Umas belas pataniscas com Arroz de Feijão, ouArroz de Tomate, ou até umArroz de Grelos. Quem não gosta?

Têm memórias de conforto com este prato?

Lembro-me de que quando era criança faziam-se pataniscas em casa, mas na altura não prestei a devida atenção. Talvez porque a minha mãe as fizesse tão depressa, que nem precisava da minha ajuda.

Era um prato de que todos gostávamos e era bem em conta já que rendia imenso. Naqueles tempos, a poupança fazia-se também destes pequenos gestos, em que havia muitos reaproveitamentos e nada se estragava. Quando havia sobras de bacalhau cozido tínhamos pataniscas.

Tudo feito a olho, nada de receitas escritas.

Daí que, quando me começaram a pedir uma receita de pataniscas, eu tenha iniciado as minhas pesquisas em busca das melhores pataniscas… e assim fui dar ao simpático Chef Júlio Fernandes, do Restaurante d’Bacalhau. Certamente o conhecem, ele vai regularmente à televisão fazer a sua receita de pataniscas que há uns anos, ainda com a saudosa Maria de Lourdes Modesto no júri, foram consideradas as melhores do evento “Peixe em Lisboa”, o mesmo é dizer, consideradas as melhores de Lisboa. Uns concordam, outros não. O que posso garantir é que já as provei e são de facto muito boas!

Que bacalhau usar?

O chef Júlio fá-las apenas com lombos de bacalhau no seu restaurante, mas conseguimos belíssimas pataniscas gastando muito menos, usando bacalhau desfiado demolhado e ultracongelado.

Vamos aos ingredientes?

Estes são os ingredientes das pataniscas…

e atenção que o bacalhau é cru. Tem melhor textura e mais sabor (a menos que estejam a fazer aproveitamento de bacalhau cozido).

Estes são os ingredientes do Arroz de Feijão, no qual não uso polpa ou pasta de tomate para dar cor, porque prefiro o arroz clarinho com o feijão a contrastar. Se gostam usem ou triturem alguns feijões na água previamente.

Vamos ao passo-a-passo? 

Vamos lá que é tudo muito rápido.

Deixamos descongelar o bacalhau e das duas uma… ou lascamos à mão ou cortamos em pedaços. Eu prefiro cortar em pedaços porque distribui mais democraticamente a quantidade de bacalhau pelas pataniscas.

Depois misturamos o bacalhau, a cebola, alhos, salsa e cebolinho, bem picadinhos.

Envolvemos a farinha… e o tipo de farinha é muito importante. O chef recomenda a Branca de Neve, mas na verdade, marcas à parte, a recomendação é para se usar uma farinha fina para bolos com fermento, ou seja, uma farinha T55 com fermento que encontram de várias marcas, inclusive marcas brancas.

O importante é que seja farinha para bolos e não farinha de usos culinários, que é mais pesada.

Já temos a farinha bem envolvida. Está na hora de entrarem os líquidos.

Primeiro a água – não a vertendo toda. Colocamos apenas 250 ml, depois juntamos os ovos (batidos previamente) e só depois juntamos os restantes 50 ml de água se acharmos que a massa precisa. Tudo depende do tamanho dos ovos e do ponto em que fica o polme.

Finalmente o tempero… Pimenta-preta moída na hora e um pouco de sal, já que o bacalhau mesmo dessalgado tem sempre algum sal. Provem e acertem a gosto.

E como acertar no ponto do polme?

O polme destas pataniscas não é muito denso. Pataniscas com muita farinha resultam em pataniscas massudas. O polme também não deve ficar demasiado líquido, mas o suficiente para agarrar à colher de pau ou espátula e não escorrer para a zona que foi limpa com um dedo. Como podem ver aqui.

Por regra todo este processo é muito a olho, mas a partir do momento em que se acerta no ponto do polme, fica tudo mais fácil.

Nesta fase, deixo o polme a descansar um pouco enquanto avanço com o arroz e só depois começo a fritar para que saia tudo ao mesmo tempo para a mesa.

Posso conservar o polme no frigorífico?

Sim, mas apenas até 2 dias. Se sobrar polme conserve-o numa caixa bem vedada no frio. Na hora de usar mexa energicamente a mistura e frite normalmente.

Posso congelar as pataniscas?

Nunca congelei nem o polme nem as pataniscas, mas do que pude apurar é mais aconselhável congelar as pataniscas fritas e reaquecê-las, do que congelar o polme. Se alguém congela polme e acha que resulta, peço o favor de deixar esse conselho nos comentários.*

*actualização: a Helena Novo diz que congela e explica como faz. Vejam na caixa dos comentários.

Que óleo usar para a fritura?

Qualquer óleo serve, mas o chef aconselha o óleo de girassol porque dá melhor sabor às pataniscas. Para fritar bem eu coloco aproximadamente um dedo de óleo na frigideira e reforço se necessário.

Quando e como fritar?

Quando: Quando o óleo estiver na temperatura certa. Deixando cair um pouco de polme no óleo ele começa logo a fritar com intensidade. Se tiverem dúvidas vejam o video onde se percebe muito bem.

Como: Colocamos colheradas de massa no óleo quente – uma colher de sopa generosa chega bem – e nesta fase eu uso sempre uma técnica que evita que ao virar para fritar do outro lado o polme escorra para fora da patanisca. Selo o topo da patanisca com o óleo fervente, seja agitando a frigideira, seja com a ajuda de uma colher. Cuidado! Vejam o video para perceberem melhor.

Assim que dourarem, viram-se. Não é preciso escurecerem muito. Uma cor dourada como esta basta, o que garante mais suculência à patanisca.

Daqui retiram-se com uma escumadeira para escorrerem sobre papel de cozinha.

Quando fazer o arroz?

Eu começo a fazer o arroz enquanto o polme descansa um pouco. São apenas 5 minutos, o tempo necessário para fazer o refogado e a fritura do arroz, onde uso o “ingrediente mágico” que deixa o arroz sempre solto, explicado nesta DICA.

Vertemos a água a ferver, juntamos sal e deixamos o arroz cozer com a tampa entreaberta. No final do tempo desligamos o lume, juntamos o feijão cozido, já lavado e escorrido, e os coentros ou salsa.

Envolvemos tudo, tapamos e aguardamos uns minutos. Apesar de aplicar três de água para uma de arroz,  este não é um arroz malandrinho. Tem um pouco de líquido, mas assenta no descanso, sem empapar.

Hora de chamar todos para a mesa!

O arroz está pronto, as pataniscas acabaram de fritar. Está na hora de gritar “Meeeeeeesaaaaaaaaa!” e devorar alegremente esta refeição deliciosa.

Bom proveito!

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