Os regressos após momentos dolorosos nunca são fáceis e levam tempo. Mas aqui estou depois de perder o meu “Brad Pitt dos gatos”, grande maroto e grande companheiro na cozinha. Estava sempre comigo.

O Rissol adorava estar em cima da bancada. Adorava estar a olhar para mim enquanto eu cozinhava e filmava e fotografava.

Ao partir de forma tão brusca e incompreensível, perdi também por estes dias a vontade de cozinhar.

Sempre soube que seria temporário e que teria de me forçar a voltar, mas precisei do meu tempo e agradeço toda a força que me desejaram para ultrapassar este momento mais complicado. Não está ultrapassado, não estará tão cedo, mas forço-me a reagir até porque estamos com o Natal à porta e eu não poderia entrar em blackout neste período tão especial.

Aqui estou portanto, com uma nova receita, das mais conhecidas da nossa doçaria tradicional, e que é o mais próximo que encontro da original.  Aliás, a receita e os passos para o sucesso, foram-me passados por quem os faz todos os dias, por isso, a falhar, seria culpa minha.

Mas não falhou! Que bolo espectacular para a mesa de Natal!

Quais os ingredientes?

São 4 ingredientes apenas:

  • gemas e ovos inteiros – quanto mais caseiros mais amarelinhos e melhor cor tem o bolo.
  • açúcar – branco, o mais comum.
  • farinha – pouca. Uso farinha para bolos sem fermento, a T55.
  • sal – apenas uma pitada. Eu uso sal grosso, mas acredito que o fino também sirva.

Quais os segredos para o sucesso?

# segredo 1 - como forrar a forma 

Sem qualquer gordura, apenas com papel almaço ou, na falta, papel vegetal. O segredo é encostá-lo mesmo bem à forma, sem deixar bolsas de ar. Vai garantir uma cozedura mais uniforme.

#segredo 2 - como bater a massa.

Já sabem que aqui temos muitos ovos – 14 gemas e 4 ovos inteiros para ser mais exacta.

As gemas e os ovos têm de ser batidos em velocidade máxima durante 20 minutos.

Depois junta-se o sal e a farinha e continua-se a bater, mas na velocidade mínima, durante mais 10 minutos – os antigos batiam durante 1 hora à mão… felizmente apareceram as máquinas! Neste bolo definitivamente não funciona envolver a farinha à mão, como noutros bolos. Aqui é diferente. Precisa mesmo deste tempo a misturar.

O resultado é um creme denso mas leve, que escorre lentamente.

#segredo 3 - a temperatura do forno

Já vi em muitos locais que a temperatura do forno pode variar entre os 180º C e os 220º C.

Nesta receita, foi-me dito apenas para cozer sempre o bolo a 180º C e foi o que fiz.

Entrou assim…

… e 40 minutos depois saiu assim.

Como o barro retém o calor, o bolo continua na forma até arrefecer e nesse tempo vai abater.

Este bolo é para comer a partir do dia seguinte a ser feito.

#segredo 4 - o momento certo em que se retira do forno

Quando a massa bamboleia assim, ligeiramente contida por estar segura pelas extremidades já cozidas… então está na hora de sair do forno. 

Consoante a forma que usarem, o tempo pode ser diferente do que o que indico na receita, por isso verifiquem se está no ponto logo aos 30 minutos. Se bambolear demasiado deixem mais 5 a 10 minutos. Tem de ser um bambolear elegante como este.

#segredo 5 - a forma a utilizar

A forma ideal é a forma de barro, estreita, alta e sem buraco.

É fundamental se quiserem um bolo o mais semelhante ao original, porque a massa tem um comportamento diferente quando é cozida no barro. Podem não ter uma forma de barro igual às que se usam em Ovar, mas uma caçoila para a chanfana de tamanho médio serve bem.

Tenho várias e esta é a que se adequa melhor em termos de forma e de tamanho.

Tem uma base larga e lisa.

Quanto a medidas: tem uma base de 20 cm abrindo até aos 25 cm na parte de cima e uma altura de 14 cm. 

Atenção: não façam este bolo em formas muito largas. 20 ou 22 cm de base é o ideal, para que o bolo tenha altura e coza adequadamente no tempo recomendado.

Esta é a forma “oficial” do pão-de-ló de Ovar!

As medidas são semelhantes à que usei. Tem 22 cm de diâmetro e 10 cm de altura. Pode ser barro vermelho ou preto.

Colocado o papel almaço, a massa sobe bem acima das paredes da forma, por isso, se não tiverem papel almaço a solução é terem uma forma mais alta, como a minha.
Em alternativa, um vaso de barro ou um tacho de barro, estreitos e altos servem na mesma.

E se não tiver forma de barro?

Se não conseguirem mesmo, há outras opções, mas menos indicadas e cujo resultado é mais imprevisível. No entanto, só usem se os recipientes tiverem um tamanho adequado. Largos e baixos não servem. Têm de ser mais estreitos e altos.

  • panela de ferro fundido – para mim a melhor opção, depois do barro, porque retém bem o calor
  • taça de porcelana (que possa ir ao forno)
  • taça de pyrex
  • forma de alumínio

Como cada um tem comportamentos diferentes em relação ao aquecimento e arrefecimento, é precisa alguma atenção.

Porquê?

Porque o Pão-de-ló de Ovar tem dois momentos de cozedura – dentro do forno e fora do forno, altura em que continua a cozer, a “assentar”, ao arrefecer dentro do barro.

O ferro fundido retém bem o calor, mas a porcelana, o pyrex e o alumínio aquecem e arrefecem mais rapidamente e por isso é preciso “dar-lhes uma ajudinha” embrulhando-os numa mantinha ou em papel de alumínio assim que saem do forno.

Fazer hoje, comer amanhã ou depois

É muito importante: fazer sempre de véspera, nunca abrir quente, nem no próprio dia!

Ou seja, este é um bolo perfeito para o Natal porque podemos fazê-lo com antecedência, numa altura em que temos tanto trabalho.

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