Todos nós temos memórias de conforto de certas receitas com que crescemos.

Receitas que adorávamos em crianças. Receitas que nos traziam felicidade… uma alegria pueril, despreocupada, capaz de nos aquecer o coração muitos anos depois e que nos faz sentir próximos de quem fazia essas refeições, estando ou não hoje entre nós.

Eu tenho a sorte de, tendo tido uma mãe cozinheira, ter várias receitas assim e esta é uma delas. Uma das mais fortes. Mais para o meu irmão, mas também para mim.

Ainda hoje ele me pede para a fazer porque diz que sou a única que a faz como a nossa mãe e isso dá-lhe um conforto imenso. É uma coisa muito emocional.

Qual o segredo?

O segredo é ter tempo e disponibilidade para fazer tudo do zero.

O segredo é fazer um excelente puré de batata, com boa batata.

O segredo é reduzir as batatas a puré, usando um passe-vite e nunca triturando com lâmina. Só assim teremos um puré leve e fofo, que com o leite quente e os temperos certos fica perfeito.

O segredo é fazer um recheio à altura, no caso, usar o creme de carne com que se fazem os croquetes. Se é maravilhoso no croquete, quão maravilhoso pode ser entre duas camadas de puré tão leve?

Como montar o empadão?

Antes de tudo temos de untar o tabuleiro – eu opto sempre por um tabuleiro oval grande de Pyrex, igual, sem tirar nem pôr, ao que usava a minha mãe – curioso como até isto se repete.

A primeira camada no fundo é de puré, segue-se um recheio bem generoso de creme de croquetes e por cima mais uma camada de puré.

Depois de alisarmos o topo, pincelamos com um ovo bem batido (pode ser só a gema, pode ser o ovo inteiro) e usamos a ponta de uma faca para marcar toda a superfície.

Era assim que a minha mãe fazia, não sei porquê, mas é assim que continuo a fazer; além do mais fica um mimo.

Daqui vai para o forno até ficar bem douradinho.

Olhem só para este interior…

Posso fazer com antecedência?

Sim claro! Mas não pincelem com ovo, deixem isso só para a hora de levar ao forno. Façam tudo até alisar o puré e cubram com película aderente.

Quando for para cozinhar só têm de retirar o tabuleiro de véspera do congelador e deixar descongelar no frigorífico antes de o meterem no forno. Pessoalmente não gosto de colocar o empadão congelado no forno. Por isso deixo descongelar primeiro.

Outras receitas de conforto

Deixo-vos alguns clássicos, quem sabe será alguma destas receitas a que vos aquece mais o coração…

SUFLÊ DE PEIXE– Com sobras de peixe cozido se faz um excelente suflê, leve e delicado. Serve-se mal sai do forno, com uma boa salada.

FILETES DE PESCADA À PORTUGUESA– Um clássico nas cozinhas portuguesas, estes filetes são bem temperados, passados por farinha e ovo, e fritos para ganharem uma linda capa dourada.

SALSICHAS FRESCAS ENROLADAS EM COUVE-LOMBARDA– Um clássico que se mantém intemporal. São servidas sobre arroz branco ou puré de batata, regadas com o molho da cozedura.

ENSOPADO DE BORREGO À MODA ANTIGA– Pura comida de conforto, este Ensopado de Borrego à moda antiga tem todos os sabores da melhor tradição alentejana.

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