Este prato nasceu do desafio de uma seguidora do FB que certo dia me perguntou se eu conhecia uns embrulhos de couve recheados com carne e arroz que tinha comido, salvo erro, na Bulgária.
Meti-me à procura e cedo percebi que, apesar de algumas diferenças, é um prato muito comum em vários países da europa central e de leste. O recheio pode levar outros temperos e outros ingredientes: Há quem use porco e vaca, só vaca, só porco, borrego, mas a base é sempre carne e arroz… excepção feita às versões vegetarianas.
Há ainda quem use folhas de videira em vez de folhas de couve-lombarda.
Na Bulgária chama-se “Sarmi.”
Na Polónia é “Gołąbki”.
Roménia e Moldávia têm o seu “Sarmale”.
Na Ucrânia o “Holubtsi”.
Na Hungria já é conhecido com “töltött káposzta”.
Rússia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Croácia, países nórdicos, Egipto… são muitos os países que têm variações deste prato, tão comum na época de Natal, mas que é comido durante o ano inteiro. Em muitos casos, até serve para aproveitamento de comida do dia anterior que ganha nova vida quando embrulhada na couve.
Mas aqui é tudo feito de raíz e na versão mais simples de todas: carne, arroz, molho de tomate, salsa e um refogado com azeite, cebola e alho. Sal e pimenta. E água, claro.
Comecemos pela couve…
Podemos usar um repolho, uma couve-lombarda, folhas de acelga. Em última análise até couve chinesa.
Cozo as folhas do mesmo modo que faço para as Salsichas Frescas Enroladas em Couve-lombarda, aparando um pouco do talo, para facilitar o manuseamento ao enrolar.
E o recheio?
No recheio, à excepção do refogado, é tudo misturado em cru, porque tudo irá cozinhar depois no tacho.
Optem pelo arroz agulha e por um molho de tomate triturado e temperado que conseguem ainda mais sabor.
Se não quiserem arroz, podem substitui-lo por bulgur ou quinoa, ou até misturá-los.
E o molho?
O molho é feito de água e tomate triturado; é neles que irão cozer estes embrulhos.
Há receitas que usam polpa de tomate. Podem usar se gostarem.
Se não apreciam o sabor da polpa, o meu conselho é que usem qualquer tomate triturado, com ou sem tempero, frito ou simples. Se só tiverem inteiro pelado, triturem-no com a varinha mágica.
Faço muito ou pouco molho?
Acho que é melhor a mais do que a menos, não acham?
Lembrem-se de que o arroz vai absorver muita água ao cozinhar, por isso cubram mesmo bem os rolos com água para conseguirem ter uma boa dose de molho no final.
Eu quando filmei o video desta receita não cobri totalmente e acabei por ter menos molho do que o que desejava.
Ah… e não se esqueçam de acertar o sal depois de juntarem a água, porque ninguém quer estes embrulhos mal apurados.
No tacho ou no forno?
Eu optei por cozinhar no tacho, mas há quem o faça no forno. Esta versão no tacho acaba por ser mais prática e rápida, mas se fizerem no forno podem usar o tacho ou um tabuleiro.
No tabuleiro, distribuam bem os embrulhos numa só camada, reguem com o tomate e a água, cubram com papel de alumínio e cozinhem a 180º C durante uma hora e meia.
Se optarem por fazer este prato no dia anterior melhor. É daqueles que ganha mais sabor de um dia para o outro.
O que servir como acompanhamento?
Nada!
Estes embrulhos comem-se só assim, sem acompanhamento, porque têm tudo: carne, arroz e a couve. Um verdadeiro 3 em 1.
Podem contar com dois, no máximo três, embrulhos por pessoa, mas tudo depende do apetite.
Posso congelar?
Sim, sem dúvida!
Esta receita rende muito e por isso é normal que sobre sempre. Os embrulhos congelam lindamente e continuam com todo o sabor depois de descongelados e aquecidos.
Ficaram com vontade de fazer?
Lembrem-se de que esta receita rende uns 14 a 16 embrulhos – conto com uma colher de sopa generosa de recheio e uma folha inteira por embrulho.
Se não vos apetecer congelar, é fácil reduzir a receita para metade.
Sugestão final (opcional)
Para ter rolinhos com um sabor mais quente, profundo e duradouro – mesmo que diferentes da receita tradicional – experimentem juntar ao recheio um pouco de cominhos em pó. Vai preencher-vos ainda mais as papilas 🙂
Para outras receitas internacionais, deixo-vos algumas sugestões:
- Almôndegas Marroquinas (com Harissa) – Todo o calor da harissa e dos cominhos nestas almôndegas de peru cozinhadas num aromático molho de tomate.
- Kafta no Forno com Molho de Iogurte e Hortelã – Deliciosas espetadinhas de carne picada que preparamos em 15 minutos. Ficam perfeitas quando regadas com um molho de iogurte e hortelã.
- Chili com Carne (receita clássica) – Um prato quente e picante q.b. ideal para os dias mais frios e sempre acompanhado com pão de milho doce.
- Frango Korma – Carne macia num creme sedoso cheio de sabores indianos. Este frango Korma pode bem ser o próximo favorito aí de casa.
- Gratin Dauphinois (Gratinado de Batata) – Um clássico da cozinha francesa, ideal para acompanhar pratos de carne. Esta versão é deliciosa e não leva queijo.
- Baba Ghanoush (Pasta de beringela grelhada) – Uma pasta cheia de personalidade, originária da região do Levante, para comer como entrada ou como acompanhamento de outros pratos.
18 comentários para “Embrulhos de Couve com Carne e Arroz”
Boa tarde na culinária árabe led chamam de charutos mas é com folhas de videira e carne de cordeiro,mas eu faço com folhas de couve com recheio de arroz e carne picada crua e depois cozinho numa panela com molho de tomate
É exactamente como nesta receita Giselda. Mas aqui a influência é do leste europeu, não é árabe. É curioso como a culinária une o que tantas vezes as fronteiras físicas dividem. 🙂
Olá Clara. Gostaria de fazer este prato mas tenho na família pessoas que não gostam de carne de vaca. Será que posso fazer com carne de porco? E o tempo de cozedura será o mesmo?
Cá em casa gostamos muito das suas receitas.
Beijinhos
Sim pode fazer com a carne que quiser. O tempo que cozinha chega para cozer tudo e apurar bem.
Bom dia Clara, não é necessário prender os embrulhos com palitos para eles não abrirem?
Muito obrigada
Não é preciso Filipa, porque depois de os colocar no tacho não vai mexer mais.
Olá Clara. Gostei muito desta receita e vou experimentar. Queia perguntar se posso fazer com arroz integral e se haverá necessidade de o demolhar previamente. Muito obrigada!
Sim Liliana pode fazer. O arroz integral tem de ser demolhado sempre, senão demora muito tempo a cozer. Deixe em água e um pouco de vinagre durante a noite, como com as leguminosas. Qualquer dia faço um sabia que 😉
Então é assim:
Fiz hoje as folhas de couve com carne. não sei se lhe diga se lhe conte mas quando as pus na mesa sumiram por encanto, acompanhei com meia-duzia de palitos de batata frita e á carne juntei um pouco de chouriço de porco preto
Obrigado foi um belissimo almoço
Fernando Soares
Que bom Fernando, desde que estejam bem apuradinhos estes embrulhos são sempre um sucesso. E acredite, se sobrarem e congelar, ainda ficam mais apurados quando os descongelar para comer 🙂 que bom!!!
Olá, a minha mãe sempre fez esta receita, as vezes fazia já com arroz cozinhado que sobrava do dia anterior, em vez de fazer com salsichas e no meu prefiro também com carne e arroz em vez de salsichas que não aprecio muito.
obrigada pelas partilhas,
beijo
Obrigada Silvia! É o que digo na receita, serve muitas vezes para aproveitamento de sobras 🙂
Olá, boa tarde fiz hoje para o almoço de domingo os embrulhos de couve e adoramos! Faço muitas das receitas e gostamos sempre. A mousse de Lima nunca falta quando a familia se junta. Tenho todos os livros da Clara a que chamo sempre de Clarinha por gostar tanto. É de pessoas com boa atitude e que nos dão tanto que nós precisamos nesta altura da nossa vida. Agradeço por tudo o que tem feito que nos proporciona tanto prazer ❤️
Ohhhhh muito obrigada Fernanda 🙂 dou e recebo desta forma tão querida 🙂 obrigada! E que bom que gostou. Sobrou? É que congelam muito bem e ganham ainda mais sabor. Que delícia!
Clara , posso dar-lhe uma sugestão. Eu também dava uma fervura nas folhas de couve, foi assim que aprendi com a minha mãe . Mas os tempos mudam e as técnicas também. Agora lavo bem as folhas não as escorro coloco-as num pyrex tapo e levo ao microondas cerca de 5 minutos. Este tempo depende da potência do aparelho. Assim a couve mantém todos os nutrientes e fica macia e para se poder enrolar. Abraço.
Parece-me uma óptima ideia. Até porque a parte de escaldar as couves é o que demora mais tempo. Da próxima vez que fizer irei testar essa sugestão. Muito obrigada!
Olá Clara, gosto muito das suas receitas, esta parece-me deliciosa e fácil de fazer como aliás todas as que publica, as minhas filhas e amigas com quem partilho as suas delícias adoram, explica tudo muito bem, não há como não fazer, eu subscrevo.
Obrigada e um beijinho.
Muito obrigada Maria! 🙂